sexta-feira, junho 27, 2003

do "dia do gafanhoto"
do nathanael west
(simplesmente um luxo)

"A tristeza virou angústia sem que ele percebesse, e tornou-se amarga. Estava muito infeliz outra vez. Começou a chorar.
Só os que ainda têm esperanças ganham alguma coisa com as lágrimas. Quando param de chorar, sentem-se melhor. Mas os que não as têm, como Homer, aqueles cuja angústia é básica e permanente, para esses não adianta chorar. Nada jamais muda para eles. Normalmente, eles sabem disso, mas mesmo assim acabam chorando."

terça-feira, junho 17, 2003

ter sentimentos
e não falar deles
serve pra alguma coisa?

domingo, junho 15, 2003

pelo menos tá passando
filme dos muppets
na rede record
"É preciso pensar em certas coisas, coisas que te habitam por dentro, ou não, melhor sim, é preciso pensar nelas porque, se não pensamos nelas, corremos o risco de encontrá-las, uma a uma, na memória. Ou seja, é preciso pensar por um momento, um bom tempo, todos os dias e várias vezes ao dia, até que o limo as recubra, com uma crosta inquebrável."
Se queremos que tudo continue como está, é preciso que tudo mude. Uma dessas batalhas em que se luta até que tudo fique como estava. Não querem destruir-nos, os pais de vocês. Querem só ocupar nosso posto. Para que tudo fique tal qual. Tal qual, no fundo: tão somente uma imperceptível substituição de castas."
"Possuo o mundo tanto mais quanto maior habilidade tenha para miniaturizá-lo. Mas antes é preciso compreender que, na miniatura, os valores se condensam e se enriquecem. Não basta uma dialética platônica do grande e do pequeno para conhecer as dinâmicas da miniatura. É preciso reembasar a lógica para viver o grande que existe dentro do pequeno."
Aquela é a verdadeira?

Eu conheci uma certa Benedita, que enchia a atmosfera de ideal e cujos olhos espalhavam o desejo pela grandeza, pela beleza, pela glória e por tudo aquilo que faz crer na imortalidade.
Mas essa moça miraculosa era bonita demais para viver muito tempo, assim, ela morreu alguns dias depois de eu a ter conhecido, e fui eu mesmo que a enterrei, um dia que a primavera agitava seu incensório bem em cima dos cemitérios. Fui eu que a enterrei, bem perto da beira de um bosque perfumado e incorruptível como os cofres do Indo.
E como meus olhos ficaram fixados no lugar onde estava enterrado meu tesouro, vi subitamente uma pequena pessoa que parecia singularmente com a defunta, e que, pisoteando a terra fresca com uma violência histérica e bizarra, dizia quase atacada pelo riso:
"Sou eu a verdadeira Benedita! Sou eu a famosa canalha! E como punição por tua loucura e por tua cegueira, tu amarás aquilo que sou!"
Mas eu, furioso, respondi: "Não! não! não!" E para melhor acentuar minha recusa, sacudi tão violentamente a terra do pé que minha perna se chocou, bem no joelho, com a sepultura recente, e que, como um lobo caído numa armadilha, eu fiquei preso, para sempre, talvez, na fossa do ideal.

já que já foi rimbaud
agora vai baudelaire
e depois poe

PAU NO CU DO MUNDO!!!
Soneto
Homem de constituição ordinária, a carne dele não era um fruto pendurado no pomar, _oh, jornadas infantis! o corpo um tesouro a dilapidar; oh, amar, o perigo ou a força de Psiquê? A terra tinha campos férteis em príncipes e artistas, e a descendência e a raça nos impelindo aos crimes e aos delitos: o mundo, vossa fortuna e vossa ameaça. Mas no presente, esse castigo recompensante, tu teu cálculo, tu, tuas impaciências, _não são mais que vossa dança e vossa voz, não fixadas e um tanto forçadas, como um duplo fato de invenção e de sucesso uma razão,_na humanidade fraternal e discreta pelo universo sem imagens; _a força e o direito refletem na dança e a voz tem presentemente apenas apreciadores.

Já o outono! _ Mas porque sentir falta de um sol eterno, se nos somos comprometidos com a descoberta da claridade divina _ longe da gente que morre pelas estações.
O outono. Nosso barco elevado nas brumas imóveis se volta para a porta da miséria, a cidade enorme com o céu sujo de fogo e de lama. Ah! os trapos puídos, o pão encharcado de chuva, a embriaguez, os milhares de amores com que me crucificaram! Ela não vai parar, claro, de me apontar esta gula rainha de milhões de almas e de corpos mortos e que serão julgados! Eu olho de novo para a minha pele carcomida pela lama e pela peste, os versos plenos os cabelos e as axilas e ainda versos mais grossos no coração, estendido entre os desconhecidos sem idade, sem sentimento... Eu teria podido morrer por isso... A horrível evocação! Eu execro a miséria.
E morro de medo do inverno porque é a estação do conforto!
_De vez em quando, eu vejo no céu praias sem fim cobertas de brancas nações em júbilo. Uma grande embarcação de ouro, acima de mim, agita esses pavilhões multicores sob as brisas da manhã. Já acreditei em todas as festas, em todos os triunfos, em todos os dramas. Tentei inventar novas flores, novos astros, novas carnes, novas línguas. Acreditei ter adquirido poderes sobrenaturais. Ah, bom! Devo enterrar minha imaginação e minhas lembranças. Uma bela glória de artista e de contador de histórias flamejante!
Eu! eu a quem me dizem mago ou anjo, dispensado de toda moral, eu sou rendido ao sol, com um dever de procurar, e a realidade rugosa me agarrou! Caipira!
Estarei eu enganado? a caridade será irmã da morte para mim?
Enfim, exigirei perdão por ter me nutrido de mentiras. E era isso.
Mas nem uma mão amiga! e onde enterrar a segurança?
luxo!
achei os acentos
de novo

sábado, junho 14, 2003

Se eu tivesse antecessores em um ponto qualquer da historia da França!
Mas nao, nada.
Sempre me foi bem evidente que eu sempre fui de uma raça inferior. Nao posso compreender a revolta. Minha raça nunca se sublevar? jamais, a menos que pela pilhagem: sao os traços da besta que ainda nao foram erradicados.

"Meu belo cao, meu bom cao, meu caro toto', aproxime-se e venha respirar um excelente perfume, comprado na melhor perfumaria da cidade.
E o cachorro, abanando o rabo, que é, creio eu, nesses pobres seres, o signo correspondente ao rir e ao sorrir, se aproxima e pousa curiosamente seu nariz umido sobre o fasco destampado; depois, recuando de repente com espanto, ele me late, à guisa de reprovasse.
"_Ah! Cao miseravel, se eu te tivesse oferecido um pacote de excrementos, você o teria cheirado com delicia e talvez até o devorasse. Assim, você mesmo, indigno companheiro da minha triste vida, você faz lembrar o publico, a quem nao se pode jamais apresentar perfumes delicados que o exasperam e, sim, fedores cuidadosamente selecionados."


sexta-feira, junho 13, 2003

parece que tenho tudo
esmigalhado por dentro
e ninguém vende a cola certa
pra juntar os cacos
burning man 2003
este ano
excepcionalmente
em junho

Leave my loneliness unbroken! -- quit the bust above my door!
Take thy beak from out my heart, and take thy form from off my door!"
Quoth the raven "Nevermore."


esta bosta
perdeu todos
os acentos
tudo coisa
pequena
o pior é isso
pensa em
outra coisa
cabeça

This page is powered by Blogger. Isn't yours?