quarta-feira, janeiro 22, 2003

um dia entendo
por que tudo morre
e vai ser por escrito

terça-feira, janeiro 21, 2003

de antonio piccarolo, crítico de arte dos anos 20
"Para nos liberarmos do passado não é necessário destrui-lo; é suficiente não copiá-lo."

segunda-feira, janeiro 20, 2003

No puede ser.
Esta ciudad es de mentira.
O es de verdad
y entonces
está bien
que me encierren.

No puede ser.
Esta ciudad es de mentira.
No puede ser que nadie sienta rubor de mi pereza
y los suspiros me entusiasmen tanto como los hurras
y pueda escupir con inocencia y alegría
no ya en el retrato sino en un señor
no puede ser que cada azotea con antenas
encuentre al fin su rayo justiciero y puntual
y los suicidas miren el abismo y se arrojen
como desde un recuerdo a una piscina.

Al llegar a una esquina, mi sombra se separa de mí, y de pronto, se arroja entre las ruedas de un tranvía.

No pretendo
ser tu dueña
no soy nada
yo no tengo vanidad
de mi vida
doy lo bueno
soy tan pobre
qué otra cosa puedo dar?

dois pedaços de cruz e souza
pra começar bem a semana

Alma! Que tu não chores e não gemas,
teu amor voltou agora.
Ei-lo que chega de mansões extremas,
lá onde a loucura mora!

(de Ressurreição)

Espectros que têm voz, sombras que têm tristeza,
Perseguem-me: e acompanho os apagados traços
De semblantes que amei fora da natureza.

(De Kyriale)

sexta-feira, janeiro 17, 2003

um cacaso que minha
saudosa dani me mandou

Trago comigo um retrato
que me carrega com ele bem antes
de o possuir bem depois de o ter perdido.
Toda felicidade é memória e projeto.

quarta-feira, janeiro 15, 2003

Estou bêbedo de tristeza,
De doçura, de incerteza,
Estou bêbedo de ilusão,
Estou bêbedo, estou bêbedo,
Bêbedo de cair no chão.

Os que me virem caído
Pensarão que estou ferido.
Alguém dirá: "Foi suicídio!"
"É um bêbedo!" outros dirão.

E ficarei estirado,
Bêbedo, desfigurado.

Talvez eu seja arrastado
Pelas ruas, empurrado,
Jogado numa prisão.

Ninguém perdoa o meu sonho,
Riem da minha tristeza,
Bêbedo, bêbedo, bêbedo,

Em mim, humilhada a glória,
Escarnecida a poesia,
Rasgado o sonho, a ilusão
Sumindo, a emoção doendo.

E ficarei atirado,
Bêbedo, desfigurado.

Bem sei que, muitas vezes,
O único remédio
É adiar tudo. É adiar a sede, a fome, a viagem,
A dívida, o divertimento,
O pedido de emprego, ou a própria alegria.

segunda-feira, janeiro 13, 2003

spleen
pleen
pleen
Eu hei-de lhe falar lugubremente
Do meu amor enorme e massacrado,
Falar-lhe com a luz e a fé dum crente.

Hei-de expor-lhe o meu peito descarnado,
Chamar-lhe minha cruz e meu Calvário,
E ser menos que um Judas empalhado.

Hei-de abrir-lhe o meu íntimo sacrário
E, desvendar a vida, o mundo, o gozo,
Como um velho filósofo lendário.

Hei-de mostrar, tão triste e tenebroso,
Os pegos abismais da minha vida,
E hei-de olhá-la dum modo tão nervoso,

Que ela há-de, enfim, sentir-se constrangida,
Cheia de dor, tremente, alucinada,
E há-de chorar, chorar enternecida!

E eu hei-de, entáo, soltar uma risada...

Amor, então,
também acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.

quatro dias sem te ver
e não mudaste nada
falta açúcar na limonada
me perdi da minha namorada
nadei nadei e não dei em nada
sempre o mesmo poeta de bosta
perdendo tempo com a humanidade

podem ficar com a realidade
esse baixo astral
em que tudo entra pelo cano
eu quero viver de verdade
eu fico com o cinema americano

eu queria tanto
ser um poeta maldito
a massa sofrendo
enquanto eu profundo medito

eu queria tanto
ser um poeta social
rosto queimado
pelo hálito das multidões

em vez
olha eu aqui
pondo sal
nesta sopa rala
que mal vai dar para dois

já me matei faz muito tempo
me matei quando o tempo era escasso
e o que havia entre o tempo e o espaço
era o de sempre
nunca mesmo o sempre passo
morrer faz bem à vista e ao baço
melhora o ritmo do pulso
e clareia a alma
morrer de vez em quando
é a única coisa que me acalma

sexta-feira, janeiro 10, 2003

um leminski em homenagem
ao doce cão viralata
Merda é veneno.
No entanto, não há nada
que seja mais bonito
que uma bela cagada.
Cagam ricos, cagam pobres,
cagam reis e cagam fadas.
Não há merda que se compare
à bosta da pessoa amada.

quarta-feira, janeiro 08, 2003

If the sun refuse to shine
I don't mind
I don't mind
If the mountains fell in the sea
Let it be
It ain't me
Got my own world to look thru
And I ain't gonna copy you

Now if 6 turned out to be 9
I don't mind
I don't mind
If all the hippies cut off all their hair
I don't care
I don't care
Dig it
Got my own world to look thru
And I ain't gonna copy you

White collared conservative flashing down the street
Pointing their plastic fingers at me
They're hoping soon my kind will drop and die
But I'm gonna wave my freak flag high, high

Fall mountain, just don't fall on me
Hello, Mr. Businessman, why you ain't dressed like me?

I'm the one who has to die when it's time for me to die
So let me live my life the way I want to

segunda-feira, janeiro 06, 2003

finalmente lendo proust
este ano promete
por enquanto
a personagem com quem
eu mais me identifiquei
foi a tia léonie, a prostrada

sexta-feira, janeiro 03, 2003

de volta
com tudo
e mais um pouco

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